Eis uma pérola poética de Agostina Akemi Sasaoka.
FUNGO
Visto meu corpo
de mácula
e lanço-me
aos bueiros.
O sexo exposto,
esparramado pela calçada.
O vinho barato
escapole pelas veias,
e contamina a madrugada.
Sinto que será
o último pigarro.
Sou todo bolor.
As rugas repartem os dias
e já não posso ver as estrelas
Há tempos amputei coragem
e escolhi piedade.
Queria arrancar esses olhos
que já não refletem a luz do sol.
A vida é esse
eterno fermentar.
Inclino-me,
em direção ao infinito,
e vomito
o caos.
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