As crianças sofrem
Cada geração delas carrega algum tipo de fardo nas costas.
Antes, eram lançadas sob as rodas das carruagens dos senhores – que as atropelavam em plena lama, onde deveriam enfim jazer.
Ou vagavam, mínimas, pelas vilas. Mini-adultos errantes, em algum momento escolhiam casa para ficar – quando havia.
Ou, em outro tempo e lugar, eram tidas como máquinas de matar em potencial. Bastava azeitar as instâncias educativas. A razão de existir de sucessões de pequerruchos era alcançar um estranho cume moral: um em muitíssimos conseguiria ser imbatível como Ulisses. Ou melhor, Chuck Norris.
(Os que apresentavam algum tipo de incapacidade eram logo cedo descartados, arremessados barranco abaixo – “defeito de fabricação: aqui, não!”.)
Hoje as crianças estão encalacradas. A batalha é outra. Escola, TV (em média, uma exposição diária de 4 hs 51 min 19 seg, afirma pesquisa de 2006 do IBGE) , MTV (um capítulo à parte), sexo na cabeça, obsessão com o corpo e a saúde (seja para mantê-los, seja para destruí-los), vivência urbana tão estrita que leva à incapacidade de discernir entre tipos de legumes, aguda capacidade de discernir marcas de celulares e pacotes de doritos com diferentes sabores industrialmente induzidos, escolas alternativas, escolas estatais, seqüestros-relâmpago, crack, redução da maioridade penal.
Idiotismo e infantilismo adultos.
Da convivência prolongada entre os enfantes em nosso tempo nasceu o fenômeno bullying, manifestação material de tortura psíquica, advinda de mecanismos específicos do universo infanto-juvenil. Com o passar dos tempos, a maturação e envelhecimento dos sujeitos, o bullying conduz à competitividade, empreendedorismo, frustração sexual, conservadorismo político e barbárie econômica, além de levar ao inexplicável hábito de leitura periódica da revista “Veja”.
Aviso: nem toda a ginástica laboral existente resolve os sintomas.
Aviso 2: há coisas que escapam às psicólogas, pedagogas, assistentes sociais, coordenadoras, supervisoras, diretoras, orientadoras.
A intenção deste espaço é problematizar o fenômeno bullying, a partir de um dos estudos de caso mais famosos na literatura científica: o da personagem Chiquinha, do seriado televisivo mexicano “Chaves”. Esperamos contribuir para a pesquisa sobre o tema, visando a maior esclarecimento sobre o fenômeno e consequente destruição das algemas que a humanidade insiste em construir para si mesma.
Visite:
La Carne(sp) www.myspace.com/llacarne
Pak(sp) www.myspace.com/
Chillindrina Bllyng's www.myspace.com/
Apicultores Clandestinos www.myspace.com/
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